Esta sequência de textos, que se inicia no Até de repente #20, continua no Até de repente #21, #22, #24 e termina no #25.
Quando passou no vestibular aos dezessete anos, a mãe de Su pendurou uma faixa na sacada da casa, anunciando aos vizinhos que, em breve, sua filha seria a mais nova aluna da universidade federal.
Embora o clima fosse de festa, ela não sabia exatamente como se começava um ensino superior, nem o que se fazia com ele. Concluiu, portanto, que era só aula, como uma continuação mais difícil do ensino médio.
Dias depois, a caminho do centro da cidade, em um ônibus surpreendentemente vazio, Su comemorava a aprovação com antigos colegas de escola, futuros colegas de universidade:
— Estou surpresa que Bianca não tenha passado, visto que até eu passei.
—
— É que pra cotista é mais fácil.
A conversa seguiu paralelamente entre os amigos enquanto Su observava a cidade correr pela janela. Com o tempo, ela perceberia que seu estômago é capaz de chegar à uma conclusão antes mesmo que o seu cérebro. Felizmente, ela também aprenderia a dar ouvido às vozes de trás do seu fígado.
Créditos da imagem: "Trem", de Maxwell Alexandre